Hoje fui fazer uma visita ao avô de uma falecida amiga; por causa dela eu me acostumei a chama-lo de vô. Sempre que posso vou lá bater um papo com ele. Levei um baita susto quando, ao sentarmos para conversar, percebi que ele esqueceu de muitas coisas, principalmente que sua neta(minha amiga) faleceu há 4 anos, ele perguntou para onde nós iríamos e se ela iria dormir na minha casa; disse que eu sou a única amiga em quem ele confia para sair com ela.
E com os olhos cheios de lágrimas me dei conta de como nossa vida é delicada. Não interessa o quanto a tecnologia avance, o quanto os médicos aprendam e o quanto o homem explore o universo (ou uma pequena parte dele), sempre irá faltar alguma coisa.
A ciência só avança e não percebemos que os problemas estão na simplicidade da vida.
Seu Marcone (76 anos)perdeu a memória e não tem quem o faça achar.
Como se fosse um rascunho, um texto feio que ninguém quer, pegaram uma borracha e apagaram a vida dele. Pelo simples fato de que acontece. Acontece e ninguém pode fazer nada. É normal? Eu não consigo achar normal... É estranho pensar que os todos os seus momentos ele irá esquecer pouco a pouco, se perdendo no cotidiano, indo embora exatamente como veio ao mundo: sem saber de nada! Altamente dependente e perdido entre tantos adultos.
A vida é frágil e absurda.
Quem realmente sabe o que será do amanhã?
Mas ele perdeu a memória, não os ensinamentos. E quando eu já estava indo embora, seu Marcone levantou-se de sua cadeira e disse:
"Ô minha filha, só tome cuidado com esses rapazes. Voce tem que saber em que família está entrando...E além do mais, hoje em dia a mulher é tão independente!...Você sabe que homem é só enfeite..."
"Eu sei vô.Eu sei."
2 opiniões importantes:
É cara Deane, já presenciei pessoas com Alzheimer, pessoas muito próximas. A reflexão é inevitável; muitas vezes percebemos que o que lhes tinha sobrado era apenas a memória, e essa vai se esvaindo aos poucos. É horrível, pensamos tanto, tanto no futuro e em uma época da vida onde o que é realmente importante é o passado, ele vai embora.
Meus sinceros parabéns pelo relato. Sua sensibilidade é rara.
Até!
q lindo.. lindo texto.. aliás.. to t seguindo rsrs menos d 5 minutos aki.. e ja sei q és boa o suficinete.. aiaiai
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