domingo, 28 de novembro de 2010

sobre o que julgamos certo ou errado

Em conversa de bar com os amigos chegamos a considerar que a maldade faz parte da genética do ser humano. Depois, que o ser humano não nasce mau, mas se torna mau porque a sociedade o torna assim. Será que em algum momento da vida algo acontece e faz com que o lado ruim aflore mais do que o lado bom?
Eu acho que sim, claro que sim. Quem sou eu para julgar, mas cada um sabe de si. E cada detalhe deve ser levado em conta, onde você viveu, com quem você viveu, de que forma você viveu, quais são suas referências e influências familiares, sociais. Claro que não existe existe desculpa para a maldade, não acredito que a maldade nasce nem q esteja impregnada nos genes do ser humano.
E será que considerar o contrário não seria a mesma coisa que justificar por exemplo grandes aberrações passadas como: nazismo, holocausto, a queima às 'bruxas'?
Por mais loucura que nos pareça, não estariam seus autores defendendo o lado que julgava correto? Ou é a maldade e violência na sua mais pura essência sendo cometida pelo simples fato de ser assim e pronto? Não queria acreditar nesse último, aliás, nem sei o que pensar, no que acreditar.
É como se não existisse preto no branco, apenas escalas de cinza, sabe?


Todo mundo diz que o lado certo e o errado, só depende de que lado você está. No caso de toda a violência no Rio por exemplo, qual o lado certo? Dos policiais ou dos traficantes? Para seres sociáveis e de bem é bem simples: certo = policiais (os moçinhos), errado = traficantes (os vilões).
Mas e pra eles, os vilões, o que pensam? Será que justificam a violência por chegarem ao extremo de lutar e defender alguma coisa que ainda resta quando não se tem mais nada a perder?. Ou estão apenas sendo maus simplesmente por gostarem de ser? Qual o lado certo, qual o errado?
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Caramba, do que é mesmo que eu estou falando...
Complicado demais essas coisas, ainda mais pra se falar assim em mesa de bar, aonde deveríamos falar somente das coisas amenas da vida.
É, é por isso que so posso falar mesmo é de mim, e por agora posso dizer que o lado certo era o que eu estava uma hora atrás, com meus amigos tomando cerveja, e a coisa errada era estar falando disso (maldade humana), quando deveríamos estar contando nossas velhas e boas piadas, falando de amores, rindo da vida e das pessoas (coisas dignas de serem tratadas em mesa de bar).
A vida já é séria e cheia de problemas demais, e amanhã começa tudo de novo.
Ai ai, nem sei porque mesmo comecei a falar essas coisas
. Abafa aí, ainda é o efeito, vou dormir que ganho mais. Fui!!!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

"Diz o mestre:

A encruzilhada é um lugar sagrado. Ali o peregrino tem que tomar uma decisão. Por isso os deuses costumam dormir nas encruzilhadas. Onde as estradas se cruzam, se concentram duas grandes energias - o caminho que será escolhido e o caminho que será abandonado.
Ambos se transformam em um caminho só - mas apenas por um pequeno período de tempo.

O peregrino pode descansar, dormir um pouco, até mesmo consultar os deuses que habitam as encruzilhadas.

Mas ninguém pode ficar ali pra sempre: uma vez feita a escolha, é preciso seguir adiante, sem pensar no caminho que deixou de percorrer.


Ou a encruzilhada se transforma em maldição."

domingo, 21 de novembro de 2010

o ninguém da frase é você

Quem nunca ouviu a seguinte frase? "Se não deu certo, é porque não era pra dar" ou "melhor agora do que depois". E a que menos que gosto: "o que é pra ser nosso ninguém tira"?

Muitas são as vezes em que ouço essas frases, mais ainda são as vezes em que eu mesma já disse. Engraçado que com o passar do tempo vamos percebendo que tudo não passa de uma grande desculpa ou uma forma bem idiota de consolar a si mesmo.
No início da minha adolescência, no tempo em que eu vivia minhas primeiras paixões minha mãe gostava de dizer: "filha o que é pra ser seu vai ser". Eu chorava, mas acabava me conformando porque as palavras que ela dizia era as que de fato acontecia: "o tempo vai passar e você vai esquecer". O tempo passa mesmo, só que a história se repete. Não a mesma situação, mas sempre se repete, ou com uma amizade ou com um emprego ou qualquer coisa que seja... Independe do que venha a ser, sempre que perdemos algo tentamos nos consolar depois tirando a culpa das costas.

Certo, ok, tudo bem. Mas e quando uma coisa é pra ser sua, e você perde? Não cuida, e ela se vai, se acaba? Não, não adianta dizer que fugiu do controle ou que apareceu alguém e te tomou. Você perdeu porque você tirou de si mesmo, não tem vilão nenhum nessa história, o ninguém da frase é você.

"O que é pra ser nosso ninguém tira"

Que merda de frase, que triste constatação. Ninguém tira mesmo não, na maioria das vezes nós é que perdemos, nós tiramos de nós mesmos, e depois tentamos nos consolar dizendo que se não deu é porque não era pra dar.
Ora, era pra dar sim, nós é que somos burros, nós é que temos um orgulho estúpido que corroe qualquer possibilidade de ter dado certo.


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Finalizo minha reflexão boba dessa noite de domingo com uma prece:
O que é pra ser meu vai ser, ninguém vai me tirar
e nem eu vou tirar de mim mesma
porque eu vou cuidar pra que seja assim,
vou tratar disso pessoalmente.

Daqui pra frente,
amém!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

...



"tudo é uma questão de manter a mente quieta,
a espinha ereta

e o coração tranquilo!
"


Eu sei esperar...
e irei!

domingo, 7 de novembro de 2010

capítulo XXI

"...Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...

A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:

- Por favor... Cativa-me! - Disse ela.

- Bem quisera - disse o príncipezinho - mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.

- A gente só conhece bem as coisas que cativou - disse a raposa - Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!

- Que é preciso fazer? - Perguntou o príncipezinho.

- É preciso ser paciente - respondeu a raposa - Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal entendidos. Mas, cada dia, te sentará mais perto...

No dia seguinte o príncipezinho voltou.

- Teria sido melhor voltares à mesma hora- disse a raposa - Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta a agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.

- Que é um rito? - Perguntou o príncipezinho.

- É uma coisa muito esquecida também - disse a raposa- É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias !

Assim o príncipezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou à hora da partida, a raposa disse :

- Ah! Eu vou chorar.

- A culpa é tua - disse o príncipezinho - eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...

- Quis. - disse a raposa.

- Mas tu vais chorar!- Disse o príncipezinho.

- Vou. - disse a raposa.

- Então, não sais lucrando nada!

- Eu lucro - disse a raposa - por causa da cor do trigo..."

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

confissão II

Há alguns dias tenho sido questionada por alguns amigos do porquê de ter deixado algumas atividades na igreja. Cheguei a me sentir meio que pressionada, mas depois de um tempo essa conversa com meus amigos me serviu mais como um desabafo porque na verdade eu nunca tinha contado pra ninguém o verdadeiro motivo de eu ter me afastado da forma como me afastei. É sempre bom desabafar né? principalmente quando você não espera por isso, é como alguém tirar um peso das suas costas sem que você estivesse esperando.

A verdade meus amigos, é que eu tinha caído na rotina religiosa, o que para mim foi uma grande tragédia. Estava deixando de viver a plenitude do bem estar dos relacionamento com as pessoas, estava deixando de viver a minha paz espiritual para viver rotinas igrejeiras, era reunião atrás de reunião, rituais, burocracia, programações semanais, as vezes diárias... Tudo isso tava me corroendo por dentro, dando nos nervos mesmo, sabe? E se você falta em algum desses compromissos, é como se você já estivesse em falta com Deus porque é assim que as pessoas te olham. Sabe aquela perguntinha clássica? (tá perdendo a fé irmão?) Pois é.

Comecei a achar que estava surtando, sério mesmo.
Houve momentos em que eu estava dentro da igreja com o pensamento em outro lugar. Talvez você diga: ah isso nem é nada, acontece com todo mundo. Mas sabe o que é pensar em Deus só quando você chega na sua casa, sendo que você acabou de sair da casa dEle? Foi o momento em que vi que precisava dar um tempo, eu estava lá o tempo todo mas era como se as minhas ações estivesse sendo vazias, por mais que o objetivo de tais atividades fosse ajudar alguém. Mas e eu?
Sabe morte espiritual? Pois é, a pior de todas as mortes.

Eu precisava sair do meio daquilo tudo se eu quisesse reencontrar minha paz interior. Eu sei que é estranho, imagino que alguns dos meus amigos vão se decepcionar lendo isso, mas essa é a verdade. E por mais que eu tenha tentado reverter tudo, não adiantava.. comecei a ver que algumas atitudes não faziam sentido nenhum e isso ma dava um sentimento de culpa terrível.
Eu não queria que isso se tornasse visível para as outras pessoas, principalmente porque eu tinha um papel de destaque num grupo de adolescentes. Uma vez um deles disse assim pra mim: "É tão bonito quando você fala, é bom ver você falar." Olha gente, nessa noite eu não dormi, era como se tivesse uma voz questionando se eu estava vivendo tudo aquilo que eu falava.
Falei com meu pai a respeito, ele sempre tão sábio me respondeu da seguinte forma: "A boca fala do que o coração está cheio, não se preocupa com isso filha, isso que você tá passando muita gente já passou, eu ja passei, você não é a primeira e nem a última a se sentir assim; se você quiser dar um tempo da Igreja, dê. Mas não dê um tempo de Deus."
Bingo! Era tudo o que eu precisava ouvir.
Descobri que eu não estava com fastio de Deus, estava com fastio da igreja. Por Deus o que eu quero sentir é sede, fome, saudade... essas coisas que fazem com que a gente esteja sempre na busca.


Eu não deixei de ir na Igreja, mas deixei de ser uma pessoa igrejeira. Descobri que o que existe de melhor dentro da Igreja são as pessoas, e que quando quero me encontrar com Deus eu sei que não preciso ir muito longe.
E sempre lembro do que disse o Nazareno: "O Reino de Deus não vem como aparato exterior; nem se pode dizer: ei-lo aqui!, ei-lo acolá! O Reino de Deus está dentro de vós".


Confesso que fiquei bem melhor depois que aprendi isso, já faz mais de um ano que deixei a rotina religiosa, e agora quando vou na Igreja, não vou por obrigação, vou por vontade mesmo sabe? E olha gente, não há nada melhor viu.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Cultores da mediocridade

"Meu ignoto amigo.
Se quiseres ser/permanecer impenitente cultor da rotina e mediocridade, guia-te pelas normas seguintes:

Antes de pensar, informa-te sempre do que deve ser pensado, a fim de não introduzir no mundo o contrabando de idéias novas.

Não penses nunca com o próprio cérebro - mas sempre com a cabeça dos outros.

Dize sempre sim quando os outros dizem sim - e não quando os outros dizem não.
Lê cada manhã, ao café, o teu jornal, para saberes o que deve ser pensado naquelas vinte e quatro horas.

Quando vier alguém com idéias novas, evita-o como um perigo social e tem-no em conta de herege e demolidor.

Não te exponhas ao perigo de fazer o que o vizinho não faz - mas lembra-te da comprovada sapiência burguesa: o seguro morreu de velho.

Sê amigo dedicado da tua frouxa poltrona - e não te exponhas a vertigens de vastos horizontes.

Prefere sempre as paredes maciças dum cárcere e as grades duma gaiola às incertezas dum vôo singular, indefinido.
Não abras nunca portas fechadas - passa tão-somente por portas abertas.

Não explores caminhos novos como os bandeirantes - anda sempre por estradas batidas e sobre trilhos previamente alinhados.
Vai sempre com o grosso do rebanho, como os bons carneiros - e não procures caminho à margem da rotina geral.


Em suma, meu distinto cultor da mediocridade: Deixa tudo como está para ver como fica!

Conservará a saúde e a tranquilidade dos nervos e poderás tomar, cada dia com sossego, o teu chope ou coquetel - e passar por homem de bem.
(...)

***


de Huberto Rohden, em um de seus livros que tenho cá comigo.
Não sei porque (não sei mesmo =P)
mas achei um bom momento pra postar esse trecho aqui .

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